Para especialistas, bilionário dono da montadora pode ter fechado negócio apenas para evitar decisão da Justiça que o obrigaria a fazê-lo
Investidores continuam a repercutir nesta quarta-feira (5) a notícia de que Elon Musk, bilionário dono da Tesla (TSLA34), voltou atrás e reafirmou a sua proposta de compra do Twitter (TWTR34) pelos termos acordados em abril desde ano, a um valor total de US$ 44 bilhões. Após as ações da rede social terem disparado mais de 20% ontem, hoje operam perto da estabilidade. Já os papéis da montadora de veículos elétricos do bilionário caem forte, cerca de 4% por volta das 14h50 (horário de Brasília) no mercado americano, chegando a cair mais de 6,5% mais cedo.
Parte do mercado continua cética quanto à transação. Apesar de ser positiva para as ações do Twitter, colocando os ativos em um novo patamar, a compra é vista como “de alto risco”.
Para o analista James Collins, da OHM Research, por exemplo, Musk optou por reforçar a intenção de compra por não ter conseguido achar uma brecha para voltar atrás sem maiores prejuízos.
O bilionário, que fez a primeira oferta de compra da rede social em abril, vinha há meses tentando cancelar o seu processo de compra, sendo que, em junho, ele o rescindiu, alegando que o número de contas falsas (robôs) na plataforma era maior do que o divulgado – o que, segundo ele, impacta diretamente no valor de mercado da companhia.
O Twitter, no entanto, foi buscar na justiça o cumprimento do contrato – o julgamento do caso estava marcado para o próximo dia 17 de outubro.
“Sem nenhuma informação privilegiada, minha análise é que Musk e seus advogados simplesmente não conseguiram encontrar uma brecha em sua oferta original (e incrivelmente equivocada) para o Twitter e não querem estar sujeitos à humilhação de serem forçados a completar a transação”, destaca Collins. “Qualquer jogador de pôquer sabe que uma mão perdedora deve ser dobrada”.